terça-feira, 3 de novembro de 2015

Sem encanto

Sombria que sou,
não experimentaria a leveza do fácil,
mesmo longe da sobriedade.

Várias doses não bastariam,
meu corpo não responderia aos ritmos,
e me enfadaria com as insistências.

Perante as diferenças talvez eu
enrijecesse, endurecesse, desprendesse,
sem rancor, sem dor e sem amor.

Mas não sei,
Não garanto e não me arranjo,
Vou vivendo sem encanto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Roteiros borrados

Teu rosto nublado em meus cristalinos
se esvairá completamente.
As memórias sugadas em demasiado
serão arruinadas perante a escassez de vivências.
O gélido imaginário incompleto
romperá a liga com o infinito.

Tentamos caminhos melhores,
vivências interessantes,
estamparias de sorrisos compartilhados,
escapatórias com o que criamos.

Mas cá estamos nós
Com caminhos rompidos
Separadas pelo vento e pela pequena estrada
Opostas com nossos roteiros borrados e vivências desperdiçadas.

Das promessas de retorno cresceram ilusões.
Das rosas lançadas na privada restaram larvas dormentes.
Da nossa caminhada antagônica expandiram erosões.
Da nossa sobra corrompida explodiram cinzas em enchentes.

Tentei trancar a tua ausência enquanto todos dormiam,
virando doses de ilusão sobre a verdadeira busca.
Aprisionei teus olhos nos meus desejando uma essência,
e minha alma escapou, acorrentando-se num bueiro.

Occhi Profondi

“Te vi odiar o amor, fazer a guerra para as estrelas, sonhar sem pudor e, finalmente, depois dormir.
Eu cobri os teus ombros, descobrindo todo o meu coração.
Mas um sonho não pode ser repetido.
Eu me esqueço de te esquecer...”


Trecho da canção “Occhi Profondi”, de Emma Marrone.