Uma pausa...

Uma pausa no tempo para quem não pode ter pausa.

Uma pausa...

Uma pausa para a reflexão escondida nesse mundo utilitário.

Uma pausa...

Uma pausa para ler algum trecho do livro.

Uma pausa...

Uma pausa para ouvir música.

Uma pausa...

Uma pausa para admirar uma imagem.

Uma pausa...

Uma pausa para rir com o amigo.

Uma pausa...

Uma pausa para fechar os olhos, respirar fundo e fingir que há silêncio.

Uma pausa...

Uma pausa para saborear o café.

Uma pausa...

Uma pausa para pensar em você.

Uma pausa...

Uma pausa para não desistir.

Uma pausa...

Imanência

     No meio de tanta turbulência ainda rebusco em nossas conversas do passado um pouco de conforto. Rebusco até o que talvez nunca existiu. Sentimentos sublimes e permeados de esperança. Esperança de projeção para um universo mais afável, menos caótico e transtornado.

     Ainda resta a esperança de que nossa história não se encerrou naquele sábado chuvoso. Faz tempo, eu sei. Mas o que dizer sobre o tempo, quando o próprio tempo não nos dá tempo para amar e refletir, quando o tempo é relativo e o dobrar das horas perdem o sentido?

     Cansa-me os sorrisos fáceis, as máscaras escravizadas, as paixonites passageiras, os olhares com meio segundo de duração. Podem parecer apenas reclamações insípidas com urgência de serem proclamadas, mas não há urgência aqui. Aqui, ao contrário, resta a certeza de um sentimento já firmado, com seu espaço enraizado.

     Não deixo de viver as brechas encontradas ao longo do caminho e nem deixo de perseguir e sentir novas palpitações, mas protejo ferozmente os meus próprios sentimentos dos quais não duvido.

     Pensar no amanhã já não é uma missão. O desespero foi abandonado, como uma capa molhada e surrada sendo jogada num beco qualquer. O sentido agora é o carinho mútuo, o que permanece no olhar e o contido nas palavras.

     Permaneça!