O
balbuciar das árvores num ambiente barulhento. As pessoas encontram-se
organizadas na rotina. O senhorzinho caminha com ar de perdido e com uma
medalha pendurada no pescoço. A mulher ao meu lado arruma seus cabelos mirando-se
no pequeno espelho improvisado. O silêncio nunca é perfeito nesse ambiente
urbano. A surdez certamente virá antecipada, mas quem se importa? Enfrento as
mesmas pessoas estranhas todos os dias, e continuam sendo desconhecidas.
Aquele
que me olha não me olha nos olhos e não sabe quem eu sou. Eu mesma me questiono
sobre quem sou e formo minhas teorias, por isso nem tento imaginar as teorias
estranhas sobre minha imagem e minha persona. Nunca quero estar em evidência
nesse ambiente. Acho até que me tornei parte da paisagem cinza e despercebida.
Aliás, talvez eu seja como a luz de leitura de cada poltrona do ônibus; todos
sabem que ela está ali, mas poucos sabem o seu valor. Não o valor dela enquanto
luz, mas sim enquanto significado. Aproveitar a luz, eis a questão. Atravessar
o espaço e o tempo aproveitando a luz com um livro ou um livro com a luz.
Percebe? A viagem humana do conhecimento, a leitura do ser, a suposta decodificação
de um humano com o outro, a troca de valores. Ok! Assumo! Não sou tão sociável
assim. Volto para os livros. Prefiro que não me perturbem mesmo. Quero o
silêncio, o livro e a luz.
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