quinta-feira, 26 de julho de 2012

Reflexão intermunicipal

   O balbuciar das árvores num ambiente barulhento. As pessoas encontram-se organizadas na rotina. O senhorzinho caminha com ar de perdido e com uma medalha pendurada no pescoço. A mulher ao meu lado arruma seus cabelos mirando-se no pequeno espelho improvisado. O silêncio nunca é perfeito nesse ambiente urbano. A surdez certamente virá antecipada, mas quem se importa? Enfrento as mesmas pessoas estranhas todos os dias, e continuam sendo desconhecidas.

     Aquele que me olha não me olha nos olhos e não sabe quem eu sou. Eu mesma me questiono sobre quem sou e formo minhas teorias, por isso nem tento imaginar as teorias estranhas sobre minha imagem e minha persona. Nunca quero estar em evidência nesse ambiente. Acho até que me tornei parte da paisagem cinza e despercebida. Aliás, talvez eu seja como a luz de leitura de cada poltrona do ônibus; todos sabem que ela está ali, mas poucos sabem o seu valor. Não o valor dela enquanto luz, mas sim enquanto significado. Aproveitar a luz, eis a questão. Atravessar o espaço e o tempo aproveitando a luz com um livro ou um livro com a luz. Percebe? A viagem humana do conhecimento, a leitura do ser, a suposta decodificação de um humano com o outro, a troca de valores. Ok! Assumo! Não sou tão sociável assim. Volto para os livros. Prefiro que não me perturbem mesmo. Quero o silêncio, o livro e a luz.

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