O notebook
conectado a uma privada, grotesca e suja. O orifício, antro de impurezas e de
restos intestinais, está exposto e aberto no teclado, rompendo o funcionamento
de grande parte das letras, aquelas que formariam palavras mal vividas.
Do que
sairiam das teclas, eu não sei. Talvez simples metáforas, talvez conversas
vazias, talvez ilusões.
A privada
me inibe. Não há maneira de escrever qualquer história com o notebook lotado de
fezes, as mesmas fezes dos vizinhos, das pessoas próximas, de mim mesma. As
fezes mescladas com um mundo invisível, disponível apenas conceitualmente.
Estaria,
eu, perdida entre as fezes? Não haveria encanamento suficiente para limpar toda
a bagunça?
Se vivo
constantemente buscando aperfeiçoamentos, estaria perdida entre meus próprios
limites? Existem limites?
Tento não
me sujar com as fezes, mas nem ao mesmo sei se as minhas estão conectadas.
Desentupir não é uma tarefa fácil. Talvez eu deva jogar tudo fora, ao invés de
tentar limpar o teclado. Talvez seja necessário reciclar minhas palavras, todos
os meus textos, a sujeira do meu pensar.
Observo.
Espero. Mas não é do tipo de sujeira que sai pelos poros ou que se dissolve
instantaneamente. É preciso limpar com cautela ou jogar tudo fora. Renovar.
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